Megaoperação contra roubo de carga tem pelo menos duas mortes no Rio

Operação Onerat combate roubo de cargas e tráfico no Rio de Janeiro.
Duas pessoas morreram e ao menos nove suspeitos foram presos, na manhã deste sábado (5), durante a megaoperação Onerat, que marca o início da segunda fase do Plano Nacional de Segurança no Rio de Janeiro. Com grande efetivo das Forças Armadas (Exército e Marinha), além das polícias Civil, Militar e Federal, da PRF (Polícia Rodoviária Federal) e da Força Nacional de Segurança, as ações ocorrem na região do Complexo do Lins e nas comunidades Camarista Méier e São João, na zona norte carioca, e na favela da Covanca, na zona oeste.
Segundo o secretário de Estado de Segurança Pública, Roberto Sá, 15 mandados foram cumpridos nesta manhã, sendo que nove pessoas já se encontravam no sistema prisional. Outras seis foram localizadas e detidas no Complexo do Lins, e três foram presas em flagrante. Além disso, dois adolescentes foram apreendidos durante incursões da PM e de policiais civis.
Sá afirmou ainda que as duas mortes registradas no decorrer da ação ocorreram, de acordo com a narrativa oficial, durante troca de tiros entre agentes do Estado e criminosos.
Apesar do grande efetivo designado para a Operação Onerat, apenas três pistolas e duas granadas foram apreendidas até o momento. Questionado se os resultados parciais seriam incompatíveis com a força do aparato empregado e das equipes mobilizadas, Sá se disse satisfeito, mas mencionou fatores que, segundo ele, dificultam o trabalho.
O secretário afirmou que “a lógica do criminoso, hoje, é diferente”, com traficantes escondendo armas e drogas em domicílios nas favelas, e não mais em galpões ou locais específicos de armazenamento. “Há uma facilidade muito grande de esconderijo”, comentou.
á declarou, por fim, que a movimentação ostensiva das tropas e das equipes, que começou ainda durante a madrugada, também pode ter alertado os traficantes é incentivado o movimento de fuga. O secretário negou que tenha ocorrido qualquer tipo de vazamento.
“Se ele não for preso hoje, o será em algum momento”, disse.
Em uma das ações localizadas, homens do Batalhão de Choque da PM apreenderam 370 embalagens de cocaína, uma granada, um radiotransmissor e uma capa de colete balístico no Morro do São João, no Engenho Novo, na zona norte carioca.
Homens da Força Nacional e do Exército prendem dois suspeitos com dois quilos de maconha prensada, um simulacro de pistola, 750 reais e um rádio transmissor dentro de um veículo na favela de Acari, zona norte do Rio de Janeiro (RJ), na manhã deste sábado (5), durante a Operação Onerat.
O material foi levado para a 24ª Delegacia de Polícia (Engenho Novo), onde a ocorrência será registrada a ocorrência. Os policiais militares continuam realizando uma varredura no local para localizar suspeitos, armas e drogas.
A PM informou ainda que, durante uma incursão, conseguiu recuperar parte de uma carga roubada de um caminhão dos Correios, na última sexta-feira (4). Na ocasião, criminosos armados com fuzis interceptaram o veículo, que estava próximo ao centro de distribuições da empresa. A mercadoria foi distribuída para moradores do Morro do São João.
A Operação Onerat ocorre em quatro áreas da cidade: além do Engenho Novo, as forças de segurança estão na comunidade Camarista Méier e em todo a região do Complexo do Lins, também na zona norte, e no Morro da Covanca, na zona oeste. São cumpridos nesta manhã 40 mandados de prisão e 15 de busca e apreensão. Desses mandados de prisão, 15 foram cumpridas.
Ruas foram interditadas e os espaços aéreos são controlados, mas não há interferência nas operações dos aeroportos. O Centro de Operações da Prefeitura do Rio informou que a Autoestrada Grajaú-Jacarepaguá está totalmente interditada, em ambos os sentidos, devido à operação. Motoristas devem utilizar a Linha Amarela ou o Alto da Boa Vista, que apresentam boas condições de tráfego.
Participam da megaoperação, batizada Onerat (que significa “carga”, em latim), militares do Exército e da Marinha, policiais militares e civis, além da PRF (Polícia Rodoviária Federal) e da Força Nacional de Segurança Pública. Em entrevista à “TV Globo”, o ministro da Defesa, Raul Jungmann, informou que o efetivo das Forças Armadas é composto por 3.571 homens, além de 514 veículos e 71 blindados.
A Onerat faz parte da segunda fase de operação integrada coordenada pelo governo federal em parceria com as forças policiais do RJ, que marca a execução do Plano Nacional de Segurança. O Estado atravessa grave crise financeira e, nos últimos meses, tem sido palco de sucessivos episódios de violência, como mortes por bala perdida, assassinatos de policiais, roubo a veículos de carga, entre outros.
Crime cresceu 25%
O roubo de carga no Rio de Janeiro cresceu cerca de 25% no primeiro semestre em comparação com o mesmo período do ano passado e é uma das principais preocupações do governo. Ao todo, foram registradas 4.148 ocorrências entre janeiro e junho de 2016 contra 5.179 em 2017, de acordo com dados do Instituto de Segurança Pública.
No dia 28 de julho, o governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) e os ministros da Defesa, Raul Jungmann (PPS), e da Justiça, Torquato Jardim, anunciaram um plano específico para combater o roubo de cargas.
Plano Nacional de Segurança
Desde a semana passada, ao menos 10 mil militares reforçam o policiamento no Estado, como parte do Plano Nacional de Segurança no Rio de Janeiro. Ocorrências de roubos de carga foram registradas após militares deixarem as ruas do Rio ao final da primeira etapa do plano, chamada de reconhecimento de área.
Na manhã de sexta (4), o ministro da Defesa afirmou que não há como as Forças Armadas permanecerem nas ruas todo o tempo.
Segundo a Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro), em cinco anos, o prejuízo decorrente do roubo de carga no Brasil passa de R$ 6 bilhões. No Rio de Janeiro, a estimativa é que o preço de alguns produtos fique 20% mais caro por causa do delito e as transportadoras chegaram a ameaçar uma paralisação, caso o problema não seja resolvido.
Fonte: noticias.uol